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#061 – ESTUDO DE GÊNESIS

Continuando com as consequências sofridas pelos personagens da narrativa bíblica, constatamos que após o plantio vem a colheita.

O cerne da proposta da Serpente é o afastamento de Deus e a negação de Sua presença, pregando a autossuficiência e a hostilidade, o seguir sem orientação, sendo desde o início um projeto infantil e ingênuo, considerando nossa inteligência relativa.

Deus respeita nossa decisão, porém não tem como haver um afastamento absoluto, simplesmente porque não há “fora” de Deus, estamos mergulhados nEle… O que muda com essa escolha, então, é nossa intenção, mas não nossa condição. Estamos em Deus. Não há como controlar tudo porque não conheço tudo, não há como controlar o que desconheço, não tenho a sabedoria absoluta.

Nesse ponto, podemos nos perguntar por que Deus permite essa ilusão? Na verdade, não temos como avaliar a evolução espiritual de cada um. O espírito não retrograda, mas pela ilusão estaciona. Quando da desilusão, o espírito retoma o ponto onde parou. Saulo não deu um “salto” para se tornar Paulo de Tarso. Ele já era Paulo, o vaso escolhido. Suas aquisições espirituais ao longo do tempo não foram perdidas, Paulo jazia adormecido pela ilusão. Saulo acreditava-se o defensor da lei Mosaica, acreditava que estava fazendo um Bem atacando o Cristianismo nascente. Desviou-se. Mas quando “acordou” para as verdades da vida, seu espírito retomou a jornada do ponto onde parou. Ele se lembrou de quem realmente era…

A Serpente, então, é uma postura de consciência diante da evolução e diante da vida. São aspectos ilusórios de egoísmo, prepotência, vaidade, orgulho e rebeldia. O espírito reage como uma criança mimada que não aceita a condução do Pai.

“Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida”, nos diz Gênesis 3:14.

Das raças adâmicas degredadas de Capela, os Arianos foram os que aderiram inteiramente ao projeto materialista da Serpente. Foi a raça que gerou os “Caims”.

Seu “castigo” é ser “maldita”, ou seja, não contar com o apoio e a anuência de Deus. Ele avisou que quem comesse o fruto do mal morreria. Toda ideia produz fruto. Qual é o fruto do mal que não deve ser experimentado? A discórdia, a desagregação, o orgulho, o egoísmo, o materialismo…

Se cada um defender “o seu” e todos pensarem assim, o conjunto fica prejudicado. Esse projeto é individualista, por isso é de morte, é sem harmonia. É como uma célula: se ela trabalha bem com as outras, é vida; se ela trabalha sozinha, em desarmonia com o todo, é câncer, é morte. A liberdade deve levar em consideração o coletivo.

Nos desumanizamos.

O problema não está em ter estagiado nas existências animais (pois que não há crueldade no reino animal, apenas instinto de sobrevivência), mas em deixar a animalidade sobrepujar a humanidade. O nazismo não surgiu numa nação bárbara, e sim numa nação civilizada e desenvolvida, mas onde a animalidade se sobrepôs à condição humana.

A astúcia e a brutalização deformam o espírito, é a animalidade não-natural, dotada de inteligência desmedida. Não mais o instinto de conservação, mas a maldade desnecessária, sem limite.

O pior animal é o ser que deixou de ser humano. Transforma-se na “besta”, tão citada no Apocalipse, mistura de partes de animais, o pior de cada um. O ser humano torna-se grotesco. Nem as feras se comparam à maldade humana revestida de boa aparência, são os “túmulos caiados”.

Mas isso tudo tem um fim, um tempo cósmico marcado para terminar. É um ciclo.

A expressão “comer poeira” representa o alimento da Serpente, que é pouco espiritualizado. No Evangelho, Jesus diz: “E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.

E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés”. Mateus 10:13-14

Deve-se sacudir o pó, que é o alimento da Serpente, a fim de não atraí-la para si. Guardar mágoa ou raiva alimenta o mal, que só deseja uma brecha para se instalar.

“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Gênesis 3:15

A Serpente morde os pés, porque o mal se infiltra nas bases, no “calcanhar de Aquiles”, no ponto fraco.

A Serpente fere, mas a mulher lhe esmaga a cabeça.

O Bem vence. O mal sucumbe.

O Bem, apenas ferido, trará em si as cicatrizes. Paulo nos diz: “Ninguém me moleste, pois trago as marcas do Cristo”, as marcas da derrota do mal, as cicatrizes que provam que o Bem vence.

Interessante lembrar que o mal é esmagado debaixo dos pés, ou seja, o mal é derrotado pelo sentimento, cada indivíduo exterminando o mal em si mesmo através do Amor, com autocontrole, autodomínio.

Aos poucos, os espíritos vão retomando sua humanidade, “um coração por vez”, como nos afirma Emmanuel.

E a semente da mulher, que é Jesus (o segundo Adão), nascido de Maria (a segunda Eva) que antes iniciou a destruição, agora vem trazendo a reparação, a regeneração, trazendo a espada para que vençamos a nós mesmos, para finalmente fazermos jus à Nova Era de paz.

Michelle Timosini

 

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