#064 – ESTUDO DE GÊNESIS
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#064 – ESTUDO DE GÊNESIS
Adentramos agora ao Capítulo 4, que contará a história de Caim e Abel, nos alertando sobre os perigos de perdermos o sentimento de família humana, de que qualquer um é nosso irmão. Somos todos filhos de Deus, a “raça adâmica”, tão bem definida por Augusto dos Anjos evocando a experiência dos degradados, à margem por opção própria, excluindo-se por livre escolha da marcha do progresso humano.
Caim representa o auge dessa rebeldia, quando a perversidade atinge esse patamar pela vontade e somente pela vontade é capaz de sair desse processo.
A Ciência se torna o único Deus a ser seguido, na glorificação excessiva da inteligência. São os deuses caídos nos vícios e nas paixões.
O Projeto Serpente era formar Caims e Caim se torna o padrão humano na Terra. Trata-se, desde o início, de um plano cuidadosamente arquitetado para incutir ideias rebeldes nas mentes humanas como espermatozoides em óvulos, a fim de estabelecer um “Reinado humano”. Caim se concretiza, se materializa. É o fruto da Serpente, o fruto que identifica a árvore.
Temos o devido valor das ideias pelas consequências que geram e a ideia plantada pela Serpente e realizada em Caim é colocar o ego no lugar de Deus e eliminar o irmão que está no caminho, assim como Caim elimina Abel, tornando-se um assassino, pois que “o outro” é visto como obstáculo e a lógica de Caim é excluir. Jesus traz o exemplo contrário: conhecendo de antemão as fraquezas de Judas, em nenhum momento ele o exclui do Apostolado, porque no Reino de Deus, o “eu” se submete à vontade do Pai. Exclusão é Caim. Augusto dos Anjos, em “Civilização em Ruínas”, vai dizer: “Ainda é Caim que impera sobre o mundo” com sua fome de morte.
Reflitamos a respeito de nós mesmos: quanto de Caim ainda existe em nós, nas nossas atitudes?
Matar não é somente cometer um assassinato. Ter inveja, soberba, vontade de eliminar, criticar, denegrir, atacar também é matar nosso irmão. E nosso irmão é qualquer pessoa…
Todos, encarnados na Terra, temos defeitos. A pergunta é: qual o impacto dos meus defeitos na vida das outras pessoas? Qual a intensidade da minha imperfeição?
É imprescindível conhecermos a nós mesmos, porque as imperfeições são inerentes aos Espíritos que estagiam em mundos de provas e expiações, mas o importante é saber a predominância delas sobre nós, o quanto meus defeitos me dominam, para tentar reduzi-los a níveis aceitáveis.
Quando Augusto dos Anjos diz que Caim impera sobre o mundo, ele está falando do MEU mundo, do meu interior. Estou em sintonia com Caim ou com Jesus? Quem manda? Quem é o rei do meu mundo? Estou agindo sob a inspiração de quem?
Devemos nos examinar para termos a exata dimensão de quanto há de Jesus e quanto há de Caim em nós.
Devemos identificar o fruto e, a partir daí, traçar uma estratégia para melhorar a situação, de modo a pender a balança cada vez mais para o lado do Cristo.
Michelle Timosini
RAÇA ADÂMICA [Augusto dos Anjos]
A Civilização traz o gravame
Da origem remotíssima dos Árias,
Estirpe das escórias planetárias,
Segregadas num mundo amargo e infame.
Árvore genealógica de párias,
Faz-se mister que o cárcere a conclame,
Para a reparação e para o exame
Dos seus crimes nas quedas milenárias.
Foi essa raça podre de miséria
Que fez nascer na carne deletéria
A esperança nos Céus inesquecidos;
Glorificando o Instinto e a Inteligência,
Fez da Terra o brilhante gral da Ciência,
Mas um mundo de deuses decaídos.
CIVILIZAÇÃO EM RUÍNAS [Augusto dos Anjos]
Todo o mundo moderno horrendo, em ruínas,
Deixa agora escapar o horrendo fruto
De miséria e de dor, de pranto e luto,
Feito de sânie e de cadaverinas.
Em vão, sobre o Calvário áspero e bruto,
Sangrou Jesus em lágrimas divinas,
Sob as ofensas torpes e tigrinas
A tentarem-lhe o espírito incorruto
.Saturada de treva, angústia e pena,
A Civilização que se condena
Suicida-se num báratro profundo…
Porque na luz dos círculos da Terra,
Nos turbilhões fatídicos da guerra,
Ainda é Caim que impera sobre o mundo.