MÚSICA #03 – A CASA DO PÃO
“Cantata Brasiliana” é uma suíte de canções natalinas. Luis Barcelos compôs as melodias e interpretou as músicas. As letras são de Aluizio Elias. Elas se baseiam nos relatos sobre a concepção e o nascimento de Jesus segundo o Evangelho de Lucas. A exceção é “Os Magos”, inspirada na narrativa de Mateus.
A cantata foi integralmente composta e gravada em novembro e dezembro de 2020. Esse ano teve um Natal de apreensão por conta da pandemia da Covid-19. A ideia dos parceiros era fazer uma música para aclimatar o melhor clima naquele contexto. Contudo, motivados e inspirados, compuseram nove, um álbum inteiro.
Em razão do prazo curto e das imposições sanitárias, Barcelos desenvolveu arranjos com poucos elementos em estúdio. Ainda assim, receberam a marca da sofisticação do bandolinista, um dos mais destacados de sua geração. Chamam a atenção nos registros a brasilidade, com o tempero de diversos gêneros populares.
Aliás, essa é outra característica da suíte. Muitas das composições transpõem a rememoração do Natal para a nossa realidade, de dificuldades íntimas e ainda matizada pela pobreza e pela injustiça social. Acima desses desafios, segue imperando a misericórdia do Menino Jesus, que veio habitar conosco.
Um ano após o lançamento de “Cantata Brasiliana”, o Portal SER convidou seus autores para uma live natalina. Todas as canções foram comentadas por eles e reapresentadas com uma roupagem nova. Cada uma ganhou um singelo videoclipe. E esse valioso material audiovisual está disponível na plataforma Espiritismo.TV.
“A Casa do Pão” faz parte da Cantata e remete à origem do nome Belém. Lá nasceu Jesus, para ser servido como alimento à humanidade.
A casa do pão
Aldeia toda canta
Tempo de celebração
Aldeia é toda santa
É coração
Brotará desse chão
A rama, espiga e grão
Antes do forno, a sova e o fermentar
Aldeia toda dança
Hora da consagração
Aldeia a graça alcança
Na oração
Dadiva desse chão
É azeite, vinho e pão
Depois da reza e a fé, há o festejar
Ordena o imperador
Cada um retorne pro seu lugar
Computa o contador
Quanto imposto o pobre tem de pagar
E se a coroa ordena
O povo deve acatar
Norma assinada a bico de pena
E ai de quem reclamar
Chegando à freguesia
A moça prenhe e o bom José
Ela na montaria
E ele a pé
Ele obedece ao censo
Mas só respeita o Amor
Conduz com zelo imenso
A besta andor
Não tardaria o feito
O coxo tosco e o parto são
Chora o casal eleito
Em comoção
Nasceu tão pobrezinho
Predestinado à cruz
Envolto em palha e linho
Um berço-luz
Bendita manjedoura
Que a plebe rude vai celebrar
A prospera lavoura
Que o homem colhe sem semear
Ao lavrador que espera
É servida a refeição
Para o banquete da Nova Era
Eis o menino pão