MÚSICA #08 – LAPINHA

“Cantata Brasiliana” é uma suíte de canções natalinas. Luis Barcelos compôs as melodias e interpretou as músicas. As letras são de Aluizio Elias. Elas se baseiam nos relatos sobre a concepção e o nascimento de Jesus segundo o Evangelho de Lucas. A exceção é “Os Magos”, inspirada na narrativa de Mateus.

A cantata foi integralmente composta e gravada em novembro e dezembro de 2020. Esse ano teve um Natal de apreensão por conta da pandemia da Covid-19. A ideia dos parceiros era fazer uma música para aclimatar o melhor clima naquele contexto. Contudo, motivados e inspirados, compuseram nove, um álbum inteiro.

Em razão do prazo curto e das imposições sanitárias, Barcelos desenvolveu arranjos com poucos elementos em estúdio. Ainda assim, receberam a marca da sofisticação do bandolinista, um dos mais destacados de sua geração. Chamam a atenção nos registros a brasilidade, com o tempero de diversos gêneros populares.

Aliás, essa é outra característica da suíte. Muitas das composições transpõem a rememoração do Natal para a nossa realidade, de dificuldades íntimas e ainda matizada pela pobreza e pela injustiça social. Acima desses desafios, segue imperando a misericórdia do Menino Jesus, que veio habitar conosco.

Um ano após o lançamento de “Cantata Brasiliana”, o Portal SER convidou seus autores para uma live natalina. Todas as canções foram comentadas por eles e reapresentadas com uma roupagem nova. Cada uma ganhou um singelo videoclipe. E esse valioso material audiovisual está disponível na plataforma Espiritismo.TV.

“Lapinha” faz parte da Cantata e evoca a simplicidade do presépio, tradição natalina que remonta à Idade Média. Aqui, com referências portuguesas.

 

LAPINHA

 

Anjo na lapinha quer morar

Num jardim de alegra-campo

Para o pinheirinho alumiar

Lampadinha-pirilampo

 

Salmo e ladainha entoar

No mistério mariano

Coro que irá cantar

“Noite feliz”: um hino em fim de ano

 

Mais um carneirinho de enfeitar

O redil maternidade

Que o presépio venha apresentar

A real felicidade

 

Mas se uma casinha não puder

Custear o tal cenário

Tudo que Deus mais quer

Choupana sendo a luz do campanário

 

Quando falta teto

Sobra afeto

Falta trigo

Sobra amigo

Que é o abrigo

Da esperança

 

Mesmo que uma criança não tenha o colo da cidade

E se a fortuna nega: “Não há lugar para seu filho”

Algum Mendigo cede a parte melhor de sua bondade

E mais…

Ele pôde prever que o Amor nasceria maltrapilho

 

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