MÚSICA #09 – NATIVIDADE
“Cantata Brasiliana” é uma suíte de canções natalinas. Luis Barcelos compôs as melodias e interpretou as músicas. As letras são de Aluizio Elias. Elas se baseiam nos relatos sobre a concepção e o nascimento de Jesus segundo o Evangelho de Lucas. A exceção é “Os Magos”, inspirada na narrativa de Mateus.
A cantata foi integralmente composta e gravada em novembro e dezembro de 2020. Esse ano teve um Natal de apreensão por conta da pandemia da Covid-19. A ideia dos parceiros era fazer uma música para aclimatar o melhor clima naquele contexto. Contudo, motivados e inspirados, compuseram nove, um álbum inteiro.
Em razão do prazo curto e das imposições sanitárias, Barcelos desenvolveu arranjos com poucos elementos em estúdio. Ainda assim, receberam a marca da sofisticação do bandolinista, um dos mais destacados de sua geração. Chamam a atenção nos registros a brasilidade, com o tempero de diversos gêneros populares.
Aliás, essa é outra característica da suíte. Muitas das composições transpõem a rememoração do Natal para a nossa realidade, de dificuldades íntimas e ainda matizada pela pobreza e pela injustiça social. Acima desses desafios, segue imperando a misericórdia do Menino Jesus, que veio habitar conosco.
Um ano após o lançamento de “Cantata Brasiliana”, o Portal SER convidou seus autores para uma live natalina. Todas as canções foram comentadas por eles e reapresentadas com uma roupagem nova. Cada uma ganhou um singelo videoclipe. E esse valioso material audiovisual está disponível na plataforma Espiritismo.TV.
“Natividade” fecha a Cantata como um ato de resistência da vida ante as dificuldades do mundo. E Jesus Cristo, o bom pastor, conduz com zelo suas ovelhas.
NATIVIDADE
Olha o mangue e o gueto
E o Cristo sofre
O pobre e o preto
E o Cristo sofre
A voz mais triste
E o Cristo quer chorar
Olha a fome e a falta
E o Cristo sofre
A mão que assalta
E o Cristo sofre
É o mal que existe
A se espalhar
Olha pra favela
E o Cristo sofre
O morto e a vela
E o Cristo sofre
Um filho é preso
E o Cristo quer chorar
Olha pra matança
E o Cristo sofre
E se há criança
O Cristo sofre
E sob o peso
Irá tombar
Mas se a força alude ao dom de resistir
O Cristo que chora irá sorrir
Pois Jesus quer samba pra se impor ao mal
E mesmo em fevereiro tem natal
Olha o pau-de-arara
E o Cristo sofre
A seca encara
E o Cristo sofre
Um pai de luto
E o Cristo quer chorar
Olha e não vê milho
O Cristo sofre
Nem polvilho
O Cristo sofre
É assim, matuto,
O seu penar
Mas se a força alude ao dom de resistir
O Cristo que chora irá sorrir
Ele quer baião para se impor ao mal
Pois no “São João” já é natal
Para cantar…
Para sorrir…
Para dançar…
E resistir…